sexta-feira, 21 de março de 2014

Ayrton, Ayrton Senna do Brasil

Quando Senna nos deixou, no ano de 1994, o Brasil agonizava saindo de um duro período de regime autoritário, um processo político de reorganização democrática e escândalos de corrupção que resultaram no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. As políticas econômicas resultantes do período da ditadura civil-militar, ornamentadas com as políticas neoliberais do primeiro presidente eleito democraticamente após o golpe de 64, exacerbaram ainda mais as imensas disparidades sociais, tão íntimas de nossa realidade nacional. As favelas, comunidades carentes, encontravam seu momento mais dramático com altos índices de violência, miséria e a total falta de qualquer condição mínima de existência.

Aquele domingo, 1 de maio de 1994, dia do trabalho, que levou tragicamente o nosso maior ídolo do esporte a motor, também nos levou a esperança de ainda sorrirmos por algo que nos desse orgulho em sermos brasileiros. Ayrton Senna da Silva – O Ayrton Senna do Brasil – era o cara a ser batido. Era ele que nos mantinha de pé, no limite da honra. De domingo a domingo esperávamos por aquele momento especial de ouvirmos o hino nacional, não por uma obrigação cívica qualquer, mas pelo fato de termos um brasileiro nos aliviando da dor da frustração e da indiferença, no exato momento em que nos colocava no ponto mais alto do pódio. Pódio este que todos nós gostaríamos de estar, mas não por vaidade, por soberba, mas pelo lamentável fato de sempre termos estado tão por baixo.

Senna foi um ídolo nacional, mas a sua posição de ídolo não foi alcançada somente por suas vitórias e estilo arrojado. Ayrton era um brasileiro preocupado, sensível às questões sociais nacionais. Sua postura era de alguém que cativava não somente por sua simpatia, mas justamente porque tinha o caráter de um verdadeiro ídolo.

Que saudades, Senna! Que saudades do orgulho de ser... brasileiro.


Senna estaria fazendo, hoje, 54 anos.




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