Quando Senna nos deixou, no ano
de 1994, o Brasil agonizava saindo de um duro período de regime autoritário, um
processo político de reorganização democrática e escândalos de corrupção que
resultaram no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. As políticas
econômicas resultantes do período da ditadura civil-militar, ornamentadas com
as políticas neoliberais do primeiro presidente eleito democraticamente após o
golpe de 64, exacerbaram ainda mais as imensas disparidades sociais, tão
íntimas de nossa realidade nacional. As favelas, comunidades carentes,
encontravam seu momento mais dramático com altos índices de violência, miséria
e a total falta de qualquer condição mínima de existência.
Aquele domingo, 1 de maio de
1994, dia do trabalho, que levou tragicamente o nosso maior ídolo do esporte a motor, também
nos levou a esperança de ainda sorrirmos por algo que nos desse orgulho em
sermos brasileiros. Ayrton Senna da Silva – O Ayrton Senna do Brasil – era o
cara a ser batido. Era ele que nos mantinha de pé, no limite da honra. De
domingo a domingo esperávamos por aquele momento especial de ouvirmos o hino
nacional, não por uma obrigação cívica qualquer, mas pelo fato de termos um
brasileiro nos aliviando da dor da frustração e da indiferença, no exato momento
em que nos colocava no ponto mais alto do pódio. Pódio este que todos nós
gostaríamos de estar, mas não por vaidade, por soberba, mas pelo lamentável
fato de sempre termos estado tão por baixo.
Senna foi um ídolo nacional, mas
a sua posição de ídolo não foi alcançada somente por suas vitórias e estilo
arrojado. Ayrton era um brasileiro preocupado, sensível às questões sociais
nacionais. Sua postura era de alguém que cativava não somente por sua simpatia,
mas justamente porque tinha o caráter de um verdadeiro ídolo.
Que saudades, Senna! Que saudades
do orgulho de ser... brasileiro.
Senna estaria fazendo, hoje, 54
anos.
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