domingo, 15 de junho de 2014

Uma breve sobre a cultura pactista, no Império Espanhol.


Com a característica de uma monarquia compósita, ou seja, formada por vários reinos mantidos seus foros e privilégios, assim como também aqueles que diziam respeito às instituições – notadamente a Igreja –, o império espanhol se estabeleceu durante séculos como um Estado confessional e pactista. Suas atitudes políticas foram norteadas por uma cultura católica e por um posicionamento de respeito e aceitação das características de cada reino que integrava o império, assim como a manutenção e práticas de cada um desses reinos e seus privilégios.

Sendo assim, umas das principais preocupações, quando da ascensão de Carlos V, por parte de seus futuros súditos era, por exemplo, a postura de um rei estrangeiro, que não falava castelhano, no entendimento e aceitação da ordem vigente. Carlos V, como resposta, tranquilizou a todos no sentido de que seriam respeitadas suas culturas políticas, foros e privilégios.



Tendo em vista que o Império Espanhol se sustentou nessas bases de negociação, tornou-se claro o fortalecimento de toda a cultura política que, para além do império, se estendia a suas colônias na América.
Entretanto, a partir do ano de 1700, quando se inicia a administração dos Bourbons, há uma tentativa de supressão deste tipo de cultura política que está fortemente amparada na igreja católica, possuidora esta de diversas terras e outras riquezas, tanto na metrópole quanto na colônia.

Para tanto, a nova postura dos Bourbons visava justamente limitar os poderes da igreja e retomar seus territórios, assim como dar uma nova configuração nas relações baseadas no pactismo, que muito beneficiavam as elites locais e tirava da figura do rei a centralização das decisões. No intento de restaurar as regalias do rei, as reformas precisavam resgatar certos conceitos onde o respeito aos espaços de poder não invadissem as decisões do monarca, ou seja, seu poder de decidir e de ter suas ordens acatadas e cumpridas.




Entretanto, após séculos em bases políticas e religiosas já citadas anteriormente, se tornou profundamente difícil, para a reforma, lograr seus objetivos. Pois esta estava já tão arraigada em suas estruturas, que qualquer mudança se mostrava ineficiente do ponto de vista de seu funcionamento, mas não de sua aplicação.

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