Com a característica de uma
monarquia compósita, ou seja, formada por vários reinos mantidos seus foros e
privilégios, assim como também aqueles que diziam respeito às instituições – notadamente
a Igreja –, o império espanhol se estabeleceu durante séculos como um Estado
confessional e pactista. Suas atitudes políticas foram norteadas por uma
cultura católica e por um posicionamento de respeito e aceitação das
características de cada reino que integrava o império, assim como a manutenção e
práticas de cada um desses reinos e seus privilégios.
Sendo assim, umas das principais
preocupações, quando da ascensão de Carlos V, por parte de seus futuros súditos
era, por exemplo, a postura de um rei estrangeiro, que não falava castelhano,
no entendimento e aceitação da ordem vigente. Carlos V, como resposta,
tranquilizou a todos no sentido de que seriam respeitadas suas culturas
políticas, foros e privilégios.
Tendo em vista que o Império Espanhol
se sustentou nessas bases de negociação, tornou-se claro o fortalecimento de
toda a cultura política que, para além do império, se estendia a suas colônias
na América.
Entretanto, a partir do ano de
1700, quando se inicia a administração dos Bourbons, há uma tentativa de
supressão deste tipo de cultura política que está fortemente amparada na igreja
católica, possuidora esta de diversas terras e outras riquezas, tanto na
metrópole quanto na colônia.
Para tanto, a nova postura dos
Bourbons visava justamente limitar os poderes da igreja e retomar seus
territórios, assim como dar uma nova configuração nas relações baseadas no
pactismo, que muito beneficiavam as elites locais e tirava da figura do rei a
centralização das decisões. No intento de restaurar as regalias do rei, as
reformas precisavam resgatar certos conceitos onde o respeito aos espaços de
poder não invadissem as decisões do monarca, ou seja, seu poder de decidir e de
ter suas ordens acatadas e cumpridas.
Entretanto, após séculos em bases
políticas e religiosas já citadas anteriormente, se tornou profundamente
difícil, para a reforma, lograr seus objetivos. Pois esta estava já tão
arraigada em suas estruturas, que qualquer mudança se mostrava ineficiente do
ponto de vista de seu funcionamento, mas não de sua aplicação.
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