O fim?

    

    Terça-feira, dia 31 de agosto, chega ao fim um dos maiores diários brasileiros – O Jornal do Brasil. Com seus 119 anos de história, inaugurado no ano de 1891, o JB – como sempre foi carinhosamente chamado – deixará de existir enquanto mídia impressa e passará a atuar somente no formato digital, para ser acessado no site www.jornaldobrasil.com.br. Segundo o atual detentor do jornal, Nelson Tarune, este não deixará de existir e, sim, inaugurará uma nova era frente aos seus pares, deixando de usar o papel para veicular informação e, dessa maneira, contribuindo para um desenvolvimento sustentável.

    O Jornal do Brasil, desde o seu surgimento, já adotou várias vertentes ideológicas, tendo apoiado, por exemplo, o Golpe Militar de 64. Com larga influência na sociedade brasileira, o JB se constituiu, ao longo dos anos, como um dos periódicos mais importantes e substanciais da imprensa escrita nacional. Em seu quadro de jornalistas, já atuaram figuras ilustres como Rui Barbosa (1849 – 1923) e potentados como o Barão de Rio Branco (1845 – 1912).

    Entretanto, de uns tempos pra cá, o diário secular vem acumulando dívidas e mais dívidas, chegando a dever mais de 1 bi de reais em causas trabalhistas, salários atrasados etc. Vários funcionários foram demitidos em massa devido a situação crítica em que se encontra desde dos anos 90. Sua vendagem foi caindo de forma vertiginosa. Muitos funcionários já perderam a esperança de receber os seus direitos, mas continuam na luta.

    Sediado atualmente no prédio histórico, Casa do Bispo, antiga sede da fundação Roberto Marinho, o JB já chegou a ocupar o enorme edifício localizado na altura do gasômetro, em frente a umas das saídas da ponte Rio-Niterói. Teve que ceder este ao governo para, minimamente, tentar sanar suas dívidas com o fisco. Hoje o prédio irá dar lugar ao INTO – Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia – uma obra milionária do governo federal, que será inaugurada dentro em breve.

    O que se espera dessa nova fase do jornal, é que se trabalhe para que o mesmo volte a figurar entre os grandes. Também esperamos, principalmente, que o JB cumpra com as suas obrigações para com os seus funcionários que foram sumariamente demitidos e postos à rua com uma mão na frente e outra atrás. Funcionários que suaram sangue pelo periódico e que, por muitas vezes, trabalharam com salários abaixo do mercado e, na maioria das vezes, atrasados. – Osso duro!

    Todavia, o meu desejo é de tempos auspiciosos para o grande Jornal do Brasil. Que essa nova fase 100% digital seja de uma crescente constante e que realmente seja a inauguração de uma nova era. A não-utilização do papel como veículo de informação, salvará a vida de milhares de árvores que são cortadas, todos os dias, para a impressão dos jornais que chegam as bancas para serem comercializados. Sendo assim, vida longa ao Jornal do Brasil!